MacGuffins em Cena: Como Coisas Insignificantes Moldam Grandes Histórias
Você já assistiu a filmes onde os personagens se envolvem em perseguições frenéticas por objetos ou coisas que aparentemente não pareciam ser tão significantes no final da história? Pense na maleta brilhante de "Pulp Fiction" ou na estatueta de "O Falcão Maltês". Esses objetos, conhecidos como MacGuffins, são dispositivos de enredo que, embora essenciais para os personagens, muitas vezes têm pouca ou nenhuma importância real para a audiência.
Um MacGuffin pode ser um objetivo, uma pessoa ou uma ideia que os personagens estão perseguindo, e geralmente precisa ser revelado no primeiro ato. Normalmente, ele não terá nenhuma identidade própria e pode ser intercambiável, como no caso de Pulp Fiction, onde a maleta poderia ter sido qualquer coisa: um cofre, um envelope, qualquer coisa. Nunca vemos o que está dentro dela. O MacGuffin em si não é importante; só importa no contexto de levar a trama adiante.
Alguns atribuem a criação do termo ao roteirista Angus MacPhail, mas quem recebeu a maior parte do reconhecimento por cunhá-lo foi o mestre do suspense, Alfred Hitchcock, que utilizava esses objetos para mover a trama de seus filmes adiante sem revelar sua verdadeira natureza ao público.
Um exemplo disso é o microfilme em "Intriga Internacional" (1959), que serve como o catalisador para a trama de perseguição, mas cujos detalhes nunca são revelados aos espectadores.
Ao longo dos anos, o conceito de MacGuffin evoluiu e foi reinterpretado por diferentes cineastas:
Anos 1940-1960: O MacGuffin Clássico Durante essa era, o MacGuffin era frequentemente um objeto físico que os personagens perseguiam ou protegiam. Em "Casablanca" (1942), os salvos-condutos são essenciais para a trama, permitindo que os personagens principais escapem dos nazistas. Hitchcock continuou a refinar o uso do MacGuffin, solidificando-o como uma técnica narrativa essencial no cinema de suspense.
Anos 1970-1980: A Influência de George Lucas George Lucas trouxe uma nova dimensão ao conceito de MacGuffin. Em "Star Wars: A New Hope" (1977), os planos da Estrela da Morte são um MacGuffin que não só impulsiona a ação, mas também envolve emocionalmente o público. Lucas acreditava que o MacGuffin deveria ser importante tanto para os personagens quanto para a audiência, redefinindo assim a forma como o dispositivo era utilizado.
Anos 1990-Presente: MacGuffins Contemporâneos Nos anos 1990, os irmãos Coen popularizaram o uso de MacGuffins de maneira inovadora. Em "O Grande Lebowski" (1998), o tapete que "dava um charme ao ambiente" é um MacGuffin que impulsiona a narrativa. Embora o tapete não tenha importância real na trama, ele é o catalisador para a jornada de Jeff "The Dude" Lebowski, envolvendo o público na estrutura única e excêntrica do filme. Essa abordagem contemporânea destaca a versatilidade do MacGuffin como um elemento que pode ser tanto um objeto tangível quanto uma ideia abstrata.
Para uma abordagem mais didática sobre a aplicação de um MacGuffin, quero detalhar um exemplo clássico do filme "Casablanca", que reassisti esta semana.
O uso dos salvos-condutos no filme exemplifica de maneira brilhante como um MacGuffin pode ser utilizado para mover a trama e desenvolver personagens. Apesar de serem centrais para a trama, eles não são o foco principal para o público. Aqui, o que realmente importa são as interações e decisões dos personagens motivadas por esses documentos, criando uma narrativa cheia de emoção e de significado moral.
AVISO DE SPOILERS: Casablanca (1942)
Apresentação dos Salvos-Condutos
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